A Violência Divina de Benjamin e o Caso de Coré – A Rebelião contra Moisés Como Primeira Cena do Messianismo (Números, 16)1
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Inicialmente, para justificar uma leitura suplementar da Crítica da vio lência de Benjamin, eu gostaria de apresentar as formas pelas quais esse tex to foi recebido e explicar as razões por trás da rica história de suas recons truções, que vão de Scholem e Löwenthal, até Honneth, Žižek e Butler. O
que é que produz a “força desconstrutiva” dessa colagem densa e complexa
de textos? Não é apenas a brilhante montagem de Benjamin, mas, tam bém, parece-me, esse poderoso mal-entendido que se dissimula no título
de meu texto: A violência divina de Benjamin e o caso de Coré. Gostaria,
então, de completar imediatamente essa analogia entre a violência divi na e o nome de Coré com duas anotações que devem limitar e complicar
toda interpretação suplementar: (a) diferentemente de Leo Löwenthal (1990,
p. 174), tratarei o texto de Benjamin como uma soma de figuras e de catego rias messiânicas e, analogamente, (b) acompanharei os célebres qualificati vos que Scholem atribui ao “texto purame...nte judeu” de Benjamin [ein rein
jüdischer Text], quando o caracteriza como uma manifestação de “niilismo
positivo” ou de “nobre e positiva violência da destruição” [die edle und
positive Gewalt der Zerstörung] (Scholem, 2007, p. 501-502). Esses dois
elementos (o messianismo e o niilismo positivo) poderiam ampliar a minha
intervenção sobre o texto de Benjamin e, talvez, negar a vantagem que o
título do presente artigo goza em relação a seu subtítulo (A rebelião contra
Moisés como o primeiro ato de messianismo). Estaria em posição de des taque, então, a sugestão ou intuição genial de Benjamin de que a primeira grande rebelião na história da justiça (e a última no quadro do mito5
ou do
direito) evoca ou provoca qualquer coisa de messiânico; que esse episódio
maior na vida de certo povo – cujos iniciadores são Coré e alguns rebeldes
– representa o começo da construção do teatro messiânico.
Source:
Revista Direito Público, 2020, 17, 96, 358-377Publisher:
- Instituto Brasiliense de Direito Público – IDP
URI
https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/issue/view/213/showTochttp://rifdt.instifdt.bg.ac.rs/123456789/2180
Collections
Institution/Community
IFDTTY - JOUR AU - Bojanić, Petar PY - 2020 UR - https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/issue/view/213/showToc UR - http://rifdt.instifdt.bg.ac.rs/123456789/2180 AB - Inicialmente, para justificar uma leitura suplementar da Crítica da vio lência de Benjamin, eu gostaria de apresentar as formas pelas quais esse tex to foi recebido e explicar as razões por trás da rica história de suas recons truções, que vão de Scholem e Löwenthal, até Honneth, Žižek e Butler. O que é que produz a “força desconstrutiva” dessa colagem densa e complexa de textos? Não é apenas a brilhante montagem de Benjamin, mas, tam bém, parece-me, esse poderoso mal-entendido que se dissimula no título de meu texto: A violência divina de Benjamin e o caso de Coré. Gostaria, então, de completar imediatamente essa analogia entre a violência divi na e o nome de Coré com duas anotações que devem limitar e complicar toda interpretação suplementar: (a) diferentemente de Leo Löwenthal (1990, p. 174), tratarei o texto de Benjamin como uma soma de figuras e de catego rias messiânicas e, analogamente, (b) acompanharei os célebres qualificati vos que Scholem atribui ao “texto puramente judeu” de Benjamin [ein rein jüdischer Text], quando o caracteriza como uma manifestação de “niilismo positivo” ou de “nobre e positiva violência da destruição” [die edle und positive Gewalt der Zerstörung] (Scholem, 2007, p. 501-502). Esses dois elementos (o messianismo e o niilismo positivo) poderiam ampliar a minha intervenção sobre o texto de Benjamin e, talvez, negar a vantagem que o título do presente artigo goza em relação a seu subtítulo (A rebelião contra Moisés como o primeiro ato de messianismo). Estaria em posição de des taque, então, a sugestão ou intuição genial de Benjamin de que a primeira grande rebelião na história da justiça (e a última no quadro do mito5 ou do direito) evoca ou provoca qualquer coisa de messiânico; que esse episódio maior na vida de certo povo – cujos iniciadores são Coré e alguns rebeldes – representa o começo da construção do teatro messiânico. PB - Instituto Brasiliense de Direito Público – IDP T2 - Revista Direito Público T1 - A Violência Divina de Benjamin e o Caso de Coré – A Rebelião contra Moisés Como Primeira Cena do Messianismo (Números, 16)1 IS - 96 VL - 17 SP - 358 EP - 377 UR - https://hdl.handle.net/21.15107/rcub_rifdt_2180 ER -
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Bojanić, P.. (2020). A Violência Divina de Benjamin e o Caso de Coré – A Rebelião contra Moisés Como Primeira Cena do Messianismo (Números, 16)1. in Revista Direito Público Instituto Brasiliense de Direito Público – IDP., 17(96), 358-377. https://hdl.handle.net/21.15107/rcub_rifdt_2180
Bojanić P. A Violência Divina de Benjamin e o Caso de Coré – A Rebelião contra Moisés Como Primeira Cena do Messianismo (Números, 16)1. in Revista Direito Público. 2020;17(96):358-377. https://hdl.handle.net/21.15107/rcub_rifdt_2180 .
Bojanić, Petar, "A Violência Divina de Benjamin e o Caso de Coré – A Rebelião contra Moisés Como Primeira Cena do Messianismo (Números, 16)1" in Revista Direito Público, 17, no. 96 (2020):358-377, https://hdl.handle.net/21.15107/rcub_rifdt_2180 .